miércoles, 8 de junio de 2011

Líbia: rebeldes iniciam limpeza étnica

Os líbios negros correm o risco sofrer uma limpeza étnica. Basta ser negro para ser taxado de mercenário pró-Kadafi pelos insurgentes.
Política Operária 
Os líbios negros correm o risco sofrer uma limpeza étnica. No leste do país, os líbios de origem árabe ligados às elites económicas das cidades produtoras de petróleo assimilaram a ideologia racista dos ingleses e norte-americanos, de quem recebem treino, dinheiro e armas para dividir o país e permitir o roubo do petróleo pelas potências ocidentais.

O alerta foi dado esta semana pelo bispo Dom Mussie Zerai, em Roma, que preside à agência de desenvolvimento e cooperação Habeshia. Ele relatou que em Misrata, sob controle dos rebeldes, mais de 800 negros africanos foram assassinados.

Segundo o bispo, de origem eritreia, os massacres foram relatados por refugiados africanos sobreviventes que desembarcaram na Itália, que traziam vários vídeos e fotografias, agora colocadas no site da agência Habeshia, testemunhando actos de extrema crueldade cometidos pelos rebeldes, pisando corpos sem vida de negros africanos.
Na Líbia há dois grupos étnicos de origem não-árabe, disse Dom Zerai, e o risco deles se poderem tornar vítimas de limpeza étnica em consequência dos confrontos sangrentos entre os partidários de Kadafi e os rebeldes é muito alto. Basta ser negro para ser taxado de mercenário pró-Kadafi pelos insurgentes.
O clérigo, que denunciou ainda da indiferença ocidental, porque não é esta a primeira vez que estas perseguições são denunciadas, pediu a atenção da comunidade internacional para que os líbios negros não sejam massacrados, como aconteceu a centenas de milhares de sudaneses no Darfur. Também alertou para a possibilidade de “milhares de pessoas poderem ser esmagadas pela intolerância que se está a espalhar nos territórios ocupados pelos rebeldes”. Em sua opinião, os autores destes assassinatos são os rebeldes anti-Kadafi. Dom Zerai perguntou “quem garante a civilidade dos novos senhores da Líbia, defendidos pela Europa? Precisamos a todo custo evitar um novo genocídio no continente africano.”

Nas últimas semanas outras organizações denunciaram diversos massacres contra a população negra do leste da Líbia, que só tem sido possíveis graças ao apoio militar e financeiro que os países invasores prestam aos grupos rebeldes.

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